O sujeito dessa minha pesquisa poética é a sobreposição na fotografia, especificamente a sobreposição espaço-temporal da minha trajetória, utilizando fotografias que venho produzindo ao longo dos anos. O projeto foi desenvolvido durante especialização em Artes Visuais, realizada entre 2013/2014.
sobre|posto: uma poética fotográfica
O sujeito dessa minha pesquisa poética é a sobreposição na fotografia, especificamente a sobreposição espaço-temporal da minha trajetória, utilizando fotografias que venho produzindo ao longo dos anos. O projeto foi desenvolvido durante especialização em Artes Visuais, realizada entre 2013/2014.
O projeto parte de um poema de Jorge Luis Borges que fala sobre como o homem constrói seus espaços e, ao fim de sua vida, percebe que as linhas daquela construção formam o desenho de seu rosto. Assim, através de registros da cidade, faço um retrato do coletivo que a criou, uma arqueologia urbana.
A produção resultante é uma narrativa que se utiliza da fotografia topográfica para retratar a ação humana sobre o espaço. A narrativa envolvida é a da intervenção humana sobre o espaço, uma sobreposição de tempos que narram a evolução urbana. O resultado é um retrato da sociedade responsável pela produção do espaço. São quadros-vivos, retratos de vestígios de atos humanos cotidianos e pontuais. Esses retratos explicitam a sobreposição de fenômenos, atos de diferentes gerações que adequam o espaço a suas necessidades. As modificações marcam as épocas, modas e costumes vigentes.
Permeando a produção está uma teatralidade, um apelo estético feito através da linguagem e técnica fotográfica, de maneira a atrair o espectador, convida-lo à interação para que complete o evento. Um retrato do cotidiano, amplificando sua beleza, aquela encontrada nas pequenas coisas. Trata-se de uma sobreposição de tempos, um retrato, que é um fenômeno humano, de um fenômeno humano de hoje sobre um fenômeno humano de ontem. Uma arqueologia urbana.
A fotografia não é utilizada como espelho do real para registrar a intervenção humana no espaço, mas sim para comunicar o tema, a sobreposição de formas, cores, tempos, ideias e valores que se percebe nos espaços tocados pelo humano. Para amplificar e potencializar suas semelhanças e contrastes, registrar a essência do tempo, não o fenômeno do mesmo. Para apresentar uma possibilidade.