As Guardiãs de Ibarama – Mostra

A mostra fotográfica “As Guardiãs de Ibarama” retrata agricultoras da região central do Rio Grande do Sul que conservam sementes de cultivares crioulas de milho, feijão e hortaliças. Com fotografias e textos de Bibiana Silveira, complementados por relatos das pesquisadoras Marielen Kaufmann, Cassiane da Costa e Lia Reiniger, a mostra reúne 17 retratos de 18 mulheres rurais.

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As Guardiãs de Ibarama

Mostramos aqui o projeto “As Guardiãs de Ibarama”, que retrata agricultoras da região central do Rio Grande do Sul (Brasil) que conservam sementes crioulas de milho, feijão e hortaliças. Com fotografias e textos de Bibiana Silveira, complementados por relatos das pesquisadoras Marielen Kaufmann, Lia Reiniger (UFSM) e Cassiane da Costa (UERGS), a mostra reúne fotos de 18 agricultoras que transmitem serenidade, experiência e, especialmente, alegria.

O trabalho de guarda de sementes começou a ser desenvolvido pelos “Guardiões das Sementes Crioulas de Ibarama”, grupo de agricultores familiares do município de Ibarama, na região centro serra do RS. O grupo, articulado na década de 80, é composto por famílias de agricultores do município, sendo que as mulheres se tornaram as principais responsáveis pela atividade de guarda. Esse protagonismo da mulher foi observado por Marielen Kaufmann durante sua pesquisa de mestrado (PPGExR/UFSM), na qual observou as práticas de guarda através de vivências nas propriedades de alguns dos agricultores do grupo. Segundo Marielen, apesar de serem os homens da família os que respondem por esse núcleo perante o grupo de Guardiões, são efetivamente as mulheres as responsáveis pelo cuidado, separação e seleção das sementes.

A importância dessa atividade para a conservação da agrobiodiversidade é explanada (em texto que compõe a mostra) pela professora Dra. Lia Reiniger, coordenadora do Grupo de Pesquisa “Agroecologia, Agrobiodiversidade e Sustentabilidade Professor José Antônio Costabeber” (UFSM). Esse grupo desenvolve, juntamente com a Emater municipal e os Guardiões, ações articuladas de educação, pesquisa e extensão na região de Ibarama, RS.

Uma dessas ações é o “Seminário da Agrobiodiversidade Crioula”. O evento é ligado ao “Dia da Troca”, que ocorre anualmente na 3ª quinta-feira do mês de agosto em Ibarama, quando reúnem-se agricultores da cidade e visitantes para realizar troca de sementes crioulas. Em função de tal atividade é organizado o “Seminário” na 3ª sexta-feira do mês de agosto, onde agricultores e pesquisadores ligados à guarda de sementes compartilham relatos de vivências.

Participando do 3º Seminário na condição de fotógrafa, Bibiana Silveira se interessou pelo tema das mulheres nesse contexto e, a partir daí, propôs a realização de retratos. Durante dois dias, em agosto de 2014, e em situações nada conducentes à fotografia, foram realizados 14 dos 17 retratos que viriam a compor a mostra que apresentamos hoje. Os sorrisos largos que vemos nessas imagens refletem a maneira encontrada por ambas – fotógrafa e retratada – de se conhecerem e se sentirem confortáveis nos menos de 5 minutos alocados para a realização de cada retrato. Esses retratos narram vidas voltadas à atividade mais fundamental e primeira da mulher, a da geração da vida no ventre materno e na terra, como colocado pela professora Dra. Cassiane da Costa (UERGS), em texto que compõe a mostra.

Esta exposição se configura como atividade de extensão por ser ação educacional voltada à comunidade. Propomos, através do diálogo entre fotografias e textos, apresentar ao e educar o público sobre a existência e importância do trabalho de guarda de sementes crioulas. Mais além, levantamos a questão da dimensão humana – e principalmente feminina – da produção de alimentos, dando nome, lugar e voz a essas produtoras rurais, até então invisíveis.

Por seu caráter extensivo, configuramos a mostra como itinerante, visando um maior alcance da iniciativa. Para tanto, produzimos duas versões da mesma: como retratos de médio formato, medindo 50x50cm, impressos em lona fotográfica e montados em bastidores de madeira, expostos de maneira tradicional; e como retratos de pequeno formato, medindo 20x20cm, impressos em papel de alta gramatura e expostos em forma de varal. Dessa maneira, conseguimos ocupar os mais diversos espaços, desde espaços de exposição (como a APUSM, onde ocorreu a primeira exposição, em outubro de 2014) até eventos sociais (como o Brique da Vila Belga, onde expusemos a mostra durante o ano de 2015).

Em 2015, a iniciativa é convidada a integrar o projeto “Imagens do Rural”, produzido em conjunto pela Universidade Federal de Santa Maria e Universidade Nacional de Quilmes. A I Mostra Imagens do Rural apresenta dois projetos fotográficos que retratam diferentes aspectos do Rural sul-americano, reunidas pela primeira vez sob a curadoria da fotógrafa Bibiana Silveira. A Mostra apresenta duas exposições fotográficas: “As Guardiãs de Ibarama”, com fotos de Bibiana Silveira, e “Trabalho e trabalhadores rurais”, com fotos de José Muzlera. Mostramos aqui um recorte dessa exposição, focando no tema feminino.

A exposição “As Guardiãs de Ibarama” integra o projeto de extensão “Sistematização das ações de extensão, ensino e pesquisa relacionadas às cultivares de milho crioulo realizadas nos municípios da microrregião Centro Serra do RS”, realizado pelo Centro Vocacional Tecnológico em Agroecologia, Agrobiodiversidade e Sustentabilidade Prof. José Antônio Costabeber com o apoio da Emater/RS-Ascar e coordenado pelos professores José Geraldo Wizniewsky, Lia Reiniger e Marlove Muniz, com financiamento do CNPq e apoio da Emater/Ascar.

A I Mostra Imagens do Rural conta com o apoio do projeto “Usos e tendências das TICs nas Ciências da Comunicação e da Informação”, dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação da UFSM, Comunicação e Informação da UFRGS e, na Argentina, do Instituto Gino Germanni da Universidade de Buenos Aires e do “Centro de Estudos da Argentina Rural” da Universidade Nacional de Quilmes, com subsídios, respectivamente, da Capes e do Mincyt.

Graças a essa articulação em rede, levamos “As Guardiãs de Ibarama” a diversos eventos estaduais, nacionais e internacionais, tanto no formato médio quanto no pequeno, de varal. Exibimos em Santa Maria, em várias ocasiões, incluindo o Brique da Vila Belga e a Feira da Esperança/Cooesperança; em Ibarama, durante o 4º Seminário da Agrobiodiversidade Crioula; Porto Alegre, na Assembleia Legislativa do Estado; em diversos campi da UFSM e da UNIPAMPA; e eventos no Uruguai, Argentina, Paraguai, Chile, México, Estados Unidos e Portugal. Com isso, foram milhares de pessoas alcançadas, cumprindo o propósito original do projeto de, pelo uso de fotografias e textos, apresentar ao e educar o público sobre a existência e importância do trabalho de guarda de sementes crioulas, além de prover visibilidade às Guardiãs, individual e coletivamente.

Mais importante que esses número, porém, são as mudanças engendradas no cotidiano das envolvidas. Na comunidade, vemos surgir uma relação de respeito que não existia anteriormente, por cada mulher e suas qualidades, e pelo grupo como coletivo. Nas Guardiãs, vemos uma maior confiança, um posicionamento perante si e o outro de pertencimento, de auto valoração, que não era visível anteriormente. Como se o fato de serem vistas e reconhecidas tenha feito com que elas se vissem e se reconhecessem pela primeira vez. Hoje, vemos mulheres confiantes, que conhecem seu valor e seu lugar no mundo. Esse, a nosso ver, é o maior e melhor resultado alcançado pelo projeto.

Bibiana Silveira
Curadora

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